Opinião da Comunidade

Marcos Izumida Martins escreve: Hidrogênio verde, o combustível do futuro

Por: Marcos Aurélio Izumida Martins* O hidrogênio verde é, cada vez mais, reconhecido como o combustível do futuro. E o Brasil pode ocupar o potencial lugar de protagonista desse processo. Os primeiros projetos começam a ser desenhados e a projeção é de termos grandes volumes de produção nacional dessa fonte de energia limpa a partir de 2025. Um recurso valioso que, ao mesmo tempo, oferece força energética e é uma alternativa para ajudar a conter o aquecimento global.

Marcos Izumida Martins escreve: Hidrogênio verde, o combustível do futuro



Por: Marcos Aurélio Izumida Martins*

O hidrogênio verde é, cada vez mais, reconhecido como o combustível do futuro. E o Brasil pode ocupar o potencial lugar de protagonista desse processo. Os primeiros projetos começam a ser desenhados e a projeção é de termos grandes volumes de produção nacional dessa fonte de energia limpa a partir de 2025. Um recurso valioso que, ao mesmo tempo, oferece força energética e é uma alternativa para ajudar a conter o aquecimento global.

O hidrogênio em si, ou H2, é o elemento mais abundante do planeta. Mas para ser considerado verde, ele precisa ser puro, ou seja, ser separado dos outros elementos com os quais está combinado na natureza. São necessários, energia abundante e preferencialmente renovável, além de processos industriais para separar as moléculas de hidrogênio contidas em outras substâncias, como a água. A eletrólise da água, por exemplo, funciona a partir de dois eletrodos, que ligados a uma fonte de energia sustentável criam uma corrente que atrai as cargas opostas da água, separando oxigênio e hidrogênio, que saem no estado gasoso e são armazenados em botijões.

O hidrogênio verde possui três vezes mais energia do que a gasolina, com o adicional de não ser poluente. Poderá ser utilizado como combustível para carros, ônibus, caminhões, navios; substituir o gás nos sistemas de calefação; e ser utilizado em processos industriais. O Brasil, através da sua matriz energética altamente renovável, pode ser destaque na produção.

O Porto de Pecém, no Ceará, está se transformando em um HUB de H2V por meio do projeto de geração de hidrogênio verde liderado pela empresa EDP Brasil, em parceria com a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e a empresa dinamarquesa Vestas, que fornecerá turbinas eólicas para o parque eólico que será construído no local. A expectativa é que a geração de hidrogênio comece em 2025, com uma capacidade inicial de produção de até 250 toneladas de hidrogênio verde por ano. A geração tem como objetivo atender a demanda de clientes da EDP Brasil, que buscam fontes de energia limpa e renovável para suas atividades industriais.

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Em outra iniciativa, Shell e Raízen estão desenvolvendo um projeto em parceria com a Hytron, do grupo NEA, o SENAI e a USP para o desenvolvimento de plantas de produção de hidrogênio renovável a partir do etanol. O acordo inclui também uma estação de abastecimento veicular no campus da USP para o abastecimento de um dos ônibus utilizados pela comunidade universitária que passará a operar com motores equipados com células a combustível. Há também a discussão de outros projetos de geração de H2V no estado do Rio Grande do Sul.

Mas para avançarmos, também existem desafios. O alto custo de produção é um deles. Outro aspecto está relacionado à segurança. O gás hidrogênio é extremamente inflamável, portanto, seu uso deve ser feito de maneira segura e de acordo com as diretrizes do órgão competente. Um terceiro ponto é o transporte do produto para outros países: por ser perigoso, o hidrogênio precisa ser transformado em barra de amônia ou em líquido para ser transportado nas cargas dos navios e, ao chegar ao destino, precisa ser retransformado para ser utilizado. Uma inovação na área seria a criação de gasodutos internacionais capazes de transportar H2 com outros gases como o GNV.

Em tempos nos quais os efeitos do aquecimento global deixaram de ser uma ameaça no horizonte para ocuparem com frequência os noticiários, é preciso avançar rápido em busca de alternativas. E o hidrogênio verde chega com potencial de sair da teoria e se transformar em realidade e se consolidar como o combustível do futuro na prática.

A Fundação CERTI realiza atualmente avaliações de viabilidade técnica e econômica para projetos de desenvolvimento e implantação de plantas de geração de H2 de baixo carbono. Atua mais precisamente na modalidade de engenharia do proprietário em toda a cadeia produtiva, desde a concepção até a implementação, armazenamento, transporte e aplicação. Possui expertise em integração com plantas de geração solar fotovoltaica, eólica, biomassa, biogás, utilizando o uso do conceito de microrredes em seus projetos. Operamos também com atividades de advocacy com outras entidades para viabilizar mais rapidamente os empreendimentos, produção em larga escala e competitividade das empresas, certificação para hidrogênios de diferentes cores. Além de definição e acompanhamento de indicadores de metas de ESG.

*Marcos Aurélio Izumida Martins é Gerente Técnico e de Produção do Centro de Energia Sustentável da Fundação CERTI.