A fonte nuclear, que integrou o Plano Decenal de Energia (PDE) 2034 sem perspectivas de avanço, foi destaque na fala do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a necessidade de avançar na cadeia no Brasil, de olho em inovações desse setor. O ministro participou da cerimônia de abertura da consulta pública do plano nesta sexta-feira, 8 de novembro.
“Temos que avançar nessa cadeia. Temos que olhar a cadeia nuclear, além de Angra 1, Angra 2 e aquele ‘mausoléu’ que nós vamos deixar de ser, de Angra 3, que nós temos que terminar. Temos que olhar a cadeia, já olhando os pequenos reatores nucleares. Num país transcontinental como o Brasil, não há solução para energia limpa e renovável sem essa fonte energética”, disse Silveira.
Para o ministro, é necessário avançar na questão, uma vez que a energia nuclear vai sustentar as novas tecnologias, principalmente os data centers, a inteligência artificial e o Brasil.
“Nesse setor em especial, nós precisamos realmente modernizar a cadeia como um todo, é inaceitável que o Brasil seja a sétima reserva de urânio do mundo, tendo conhecido apenas 26% do seu subsolo”, completou o ministro.
Inquietude na nuclear e na regulação
Ao mencionar e cumprimentar representantes das agências reguladoras de Mineração e Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANM e ANP), Silveira disse que dificilmente um ministro defendeu tanto a regulação como ele, e que, “muitas vezes, a imprensa distorce um pouco ou incompreende um pouco o que a gente fala”.
O chefe da pasta de Minas e Energia ressaltou que sua visão é a de que as agências reguladoras têm que respeitar o formulador de política pública e trabalhar no sentido de executar e regular as políticas ditadas pelo formulador, que é o presidente da República e, no caso do setor elétrico e outras questões também das energias, o Congresso Nacional.
“Eu cobro das agências reguladoras também uma inquietude, porque as agências, além de reguladores, eles são os braços fiscalizadores dos setores que nós somos responsáveis. Por exemplo, a Aneel é a fiscalizadora do setor de distribuição, que é o mais sensível do setor elétrico. Então, ela tem que ser fiscalizadora com muito vigor e rigor para que a gente melhore cada vez mais a qualidade do serviço prestado ao cidadão”, disse Alexandre Silveira.
Mesmo com as cobranças, o ministro reconheceu as limitações, inclusive de pessoal, das autarquias, mas que com inquietude e ansiedade podem realizar entregas e deixar um legado.
PDE 2034
A expansão da matriz energética brasileira demandará investimentos de R$ 3,2 trilhões nos próximos dez anos, divididos entre três categorias principais de projetos, sendo concentrado acima de 78% na indústria de petróleo e gás natural.
E para o ministro Alexandre Silveira, a manutenção dos investimentos em petróleo e gás natural devem ser mantidos, num contexto de mudança na demanda e transição energética globais.
“Como eu tenho defendido, e sem nenhuma contradição e com toda coragem, que nós não podemos abrir mão ainda da nossa produção de petróleo e gás. Uma questão óbvia”, falou Silveira.
Os investimentos em energia elétrica devem reunir R$ 597 bilhões, ou 18,7% do total previsto. Neste montante, há a divisão para a geração centralizada, de R$ 352 bilhões, para a micro e minigeração distribuída, de R$ 117 bilhões, e para transmissão, de R$ 129 bilhões.
Segundo dados do PDE 2034, que é elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética, a oferta de eletricidade deve permanecer predominantemente renovável no horizonte de dez anos, atingindo um nível médio de 86,1%.
No documento, Alexandre Silveira ainda destaca que já estão contempladas as mais recentes políticas públicas do setor energético, como o Gás para Empregar; o marco legal do hidrogênio, os planos de expansão nas energias renováveis e o Combustível do Futuro.