Geração

Nuclear vai sustentar data centers e novas tecnologias, diz Silveira

Em evento de lançamento do PDE 2034, ministro diz que Angra 3 precisa deixar de ser 'um mausoléu' e ser concluída

Ministro Alexandre Silveira discursa no lançamento do PDE 2024
Ministro Alexandre Silveira discursa no lançamento do PDE 2024 | Foto: Tauan Alencar/MME

A fonte nuclear, que integrou o Plano Decenal de Energia (PDE) 2034 sem perspectivas de avanço, foi destaque na fala do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a necessidade de avançar na cadeia no Brasil, de olho em inovações desse setor.  O ministro participou da cerimônia de abertura da consulta pública do plano nesta sexta-feira, 8 de novembro.

“Temos que avançar nessa cadeia. Temos que olhar a cadeia nuclear, além de Angra 1, Angra 2 e aquele ‘mausoléu’ que nós vamos deixar de ser, de Angra 3, que nós temos que terminar. Temos que olhar a cadeia, já olhando os pequenos reatores nucleares. Num país transcontinental como o Brasil, não há solução para energia limpa e renovável sem essa fonte energética”, disse Silveira.

Para o ministro, é necessário avançar na questão, uma vez que a energia nuclear vai sustentar as novas tecnologias, principalmente os data centers, a inteligência artificial e o Brasil.

“Nesse setor em especial, nós precisamos realmente modernizar a cadeia como um todo, é inaceitável que o Brasil seja a sétima reserva de urânio do mundo, tendo conhecido apenas 26% do seu subsolo”, completou o ministro.

Inquietude na nuclear e na regulação

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Ao mencionar e cumprimentar representantes das agências reguladoras de Mineração e Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANM e ANP), Silveira disse que dificilmente um ministro defendeu tanto a regulação como ele, e que, “muitas vezes, a imprensa distorce um pouco ou incompreende um pouco o que a gente fala”.

O chefe da pasta de Minas e Energia ressaltou que sua visão é a de que as agências reguladoras têm que respeitar o formulador de política pública e trabalhar no sentido de executar e regular as políticas ditadas pelo formulador, que é o presidente da República e, no caso do setor elétrico e outras questões também das energias, o Congresso Nacional.

“Eu cobro das agências reguladoras também uma inquietude, porque as agências, além de reguladores, eles são os braços fiscalizadores dos setores que nós somos responsáveis. Por exemplo, a Aneel é a fiscalizadora do setor de distribuição, que é o mais sensível do setor elétrico. Então, ela tem que ser fiscalizadora com muito vigor e rigor para que a gente melhore cada vez mais a qualidade do serviço prestado ao cidadão”, disse Alexandre Silveira.

Mesmo com as cobranças, o ministro reconheceu as limitações, inclusive de pessoal, das autarquias, mas que com inquietude e ansiedade podem realizar entregas e deixar um legado.

PDE 2034

A expansão da matriz energética brasileira demandará investimentos de R$ 3,2 trilhões nos próximos dez anos, divididos entre três categorias principais de projetos, sendo concentrado acima de 78% na indústria de petróleo e gás natural.

E para o ministro Alexandre Silveira, a manutenção dos investimentos em petróleo e gás natural devem ser mantidos, num contexto de mudança na demanda e transição energética globais.

“Como eu tenho defendido, e sem nenhuma contradição e com toda coragem, que nós não podemos abrir mão ainda da nossa produção de petróleo e gás. Uma questão óbvia”, falou Silveira.

Os investimentos em energia elétrica devem reunir R$ 597 bilhões, ou 18,7% do total previsto. Neste montante, há a divisão para a geração centralizada, de R$ 352 bilhões, para a micro e minigeração distribuída, de R$ 117 bilhões, e para transmissão, de R$ 129 bilhões. 

Segundo dados do PDE 2034, que é elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética, a oferta de eletricidade deve permanecer predominantemente renovável no horizonte de dez anos, atingindo um nível médio de 86,1%.

No documento, Alexandre Silveira ainda destaca que já estão contempladas as mais recentes políticas públicas do setor energético, como o Gás para Empregar; o marco legal do hidrogênio, os planos de expansão nas energias renováveis e o Combustível do Futuro.