Queda no PIB

Extensão da greve em agências reguladoras pode causar impacto de R$ 2,43 bilhões

Servidores das agências reguladoras em ato em Brasília
Servidores das agências reguladoras em ato em Brasília - Foto: Luis Fernando Souza

A paralisação nas atividades das 11 agências reguladoras federais pode causar efeito acumulado sobre a atividade econômica de R$ 2,43 bilhões, equivalentes a 0,25% do PIB, caso se estenda por 30 dias. O número consta em análise da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que considerou a possibilidade de a greve de 48 horas, iniciada em 31 de julho, ser estendida caso o governo e as agências não cheguem a um acordo.

O estudo foi baseado no histórico de paralisações dos últimos 20 anos das agências, que resultaram em efeitos econômicos consideráveis, especialmente nos anos de 2004, 2008, 2012 e 2013, controlados os impactos de outras variáveis econômicas como volume de crédito, taxas de juros, de câmbio e de inflação em relação ao nível de atividade econômica capturado pelo IBC-Br do Banco Central.

Na análise, o CNC aponta que no caso de uma parada por 30 dias, o impacto na atividade econômica se daria de forma gradual, podendo chegar a 0,25% do PIB em até três meses após a paralisação.

Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, é essencial encontrar um equilíbrio para evitar prejuízos na economia, pois uma paralisação na estrutura regulatória do país poder gerar instabilidade no setor produtivo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE Minuto Mega Minuto Mega

 “Uma greve prolongada tem o potencial de causar impactos ainda mais profundos na economia brasileira nos próximos meses”, disse Tadros, que reforçou a necessidade de um rápido acordo entre as partes para garantir a retomada dos serviços e minimizar os danos econômicos.

Na avaliação do economista-chefe da CNC, Felipe Tavares,  a regulação é transversal para a economia e uma paralisação pode ter impactos em setores fundamentais para o funcionamento do setor produtivo, como energia, água, esgoto, portos e transportes, entre outros.

“Além do impacto econômico direto, a paralisação pode gerar uma turbulência no país que pode demorar seis meses para voltar ao normal”, completou Tavares.

Greve das agências reguladoras

Representando cerca de 60% do PIB, as agências reguladoras recusaram a proposta apresentada pelo governo na 4ª reunião da Mesa de Regulação e anunciaram uma greve geral da categoria por um período de 48 horas, entre os dias 31 de julho e 1° de agosto.

Na segunda-feira, 29 de julho, o governo federal apresentou uma nova proposta de reajuste para os servidores das agências reguladoras durante a quinta reunião da Mesa Específica e Temporária da Regulação. Segundo o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências), embora a proposta represente um avanço em relação à oferta anterior, ela ainda não atende plenamente todas as demandas da categoria.

Na proposta, o governo sugeriu um aumento de 13,4% para 14,4% no total para os servidores que compõem o Plano Especial de Cargos (PECs) para os anos de 2025 e 2026. Para os servidores de carreira, a progressão oferecida foi de 21,4% para 23%, também aplicável aos anos de 2025 e 2026.

Houve avanços na pauta não remuneratória, como a garantia de que não haverá rebaixamento dos salários de entrada e a incorporação do acordo assinado pelos servidores da Agência Nacional de Mineração (ANM) no novo acordo.

Segundo a Sinagência, depois do último encontro, o governo não estabeleceu um ultimato, o que sugere que haverá mais mesas de negociação para discutir a proposta apresentada.  O sindicato pretende convocar uma assembleia geral para que os servidores decidam se aprovam ou rejeitam a nova proposta do governo.

Contudo, em nota, a Sinagências disse que “a expectativa é que, assim como ocorreu na última negociação, a proposta seja rejeitada pela ampla maioria dos servidores”.

 Cortes no orçamento

 O governo definiu R$ 15 bilhões em congelamentos no orçamento da União, que devem ser cumpridos até o final deste ano. Do total, R$ 41,1 milhões serão contidos no Ministério de Minas e Energia (MME), incluindo as agências subordinadas à pasta.

O MME teve contenções de R$ 16,6 milhões, valor que corresponde a 3,5% do orçamento do ministério. Na pasta, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) foi a mais afetada, com contenções de 7,8% de sua dotação, valor que corresponde a R$ 11,4 milhões. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) terá contenções de R$ $ 6,8 milhões, ou 4,6% do total previsto para o ano. A Agência Nacional de Mineração (ANM) teve contenções determinadas em R$ 6,3 milhões, que correspondem a 6% da dotação da agência.