A 3R Petroleum, que está em negociação com a PetroReconcavo para uma possível combinação de negócios, está acelerando as análises do negócio. “Vamos acelerar o máximo possível porque um processo de fusão sem prazo definido pode atrapalhar os planos de execução de ambos os lados”, disse o presidente da 3R Petroleum, Matheus Dias, em teleconferência de resultados nesta quinta-feira, 7 de março.
Apesar disso, não há prazo para o fim das análises nem estruturação de próximas etapas. Dias confirmou que as empresas estão em uma fase de diligência técnica e validação, e disse que ainda não há visão consolidada sobre estrutura, governança ou prazo máximo para a transação.
Mesmo assim, ele adiantou que a ideia não é que a PetroReconcavo fique com todos os ativos onshore e a 3R Petroleum fique com todos os ativos offshore. “Se a transação for bem-sucedida, a 3R passa a deter ativos nessa nova entidade de forma relevante tanto em onshore quanto em offshore”, disse o diretor Financeiro da 3R Petroleum, Rodrigo Pizarro.
Apesar de ver mérito na oportunidade, na 3R Petroleum, a ordem é seguir o planejamento. “O cenário base da companhia é a 3R como ela é. A gente não parou quando recebeu a carta porque uma transação dessa não depende só da 3R ou de seus acionistas, depende outros fatores, que todos estão trabalhando para convergir, mas não necessariamente isso vai acontecer. O cenário da companhia é não deixar de lado esse crescimento de produção, essas melhorias financeiras de lifing cost. Tudo isso é nosso foco”, disse Pizarro.
Além disso, outras possibilidades de parcerias não são descartadas. Os diretores avaliam que o Polo Papa Terra, na Bacia de Campos, é um bom candidato a tie-back (conexão com outros ativos), pois há muitos reservatórios próximos e a estrutura da 3R Petroleum no local tem grande capacidade de processamento e estocagem.
Descobertas e produção
Peroá, na Bacia do Espírito Santo, também pode sofrer alterações em função das reservas em seu entorno. “Já há uma grande descoberta estimada pela Petrobras, com pico acima de 2 milhões de m³ por dia. A gente tem capacidade de processamento para todo esse volume. Independente dessa fusão ou não a gente já vem detalhando com muita força esse tie-back”, disse Pizarro.
A companhia espera chegar a dezembro de 2024 com um volume de produção 25% maior do que os 34,4 mil barris de óleo equivalente por dia – média de 2023, que já representa um aumento de 175% na comparação com a média de 2022. No quarto trimestre, isoladamente, a produção foi de 45,9 mil barris de óleo equivalente por dia, 198,5% a mais do que em 2022. Boa parte deste incremento se deve à aquisição do Polo Potiguar, em junho de 2023, que acrescentou uma média de 9,4 mil barris de óleo equivalente por dia à produção. Organicamente, o crescimento foi em torno de 43%.
Os planos da 3R Petroleum também abrangem a redução do lifting cost, que encerrou o quarto trimestre de 2023 a US$ 18 por barril, com redução de 12% em relação ao mesmo trimestre de 2022. No ano, entretanto, a média foi de US$ 19,8 por barril, um aumento de 27,4% em relação ao ano anterior.
Diante dos custos de extração mais altos do que outras empresas do setor, a diretoria da 3R Petroleum explica que sua estrutura financeira inclui os ativos de midstream e downstream, como FPSO, unidades fixas, estruturas de tubulação, estocagem, conexões e processamento de gás natural. Normalmente, dizem os diretores, empresas que não possuem tais ativos os contabilizam como pagamentos a terceiros.
“Quando a gente avalia lifting cost, logística e processamento, é muito difícil encontrar um player na América Latina que tenha uma estrutura de custos tão enxuta como a 3R. Certamente, se não somos o melhor, estamos entre os 2 ou 3 melhores em termos de eficiência de custo operacional”, garantiu Pizarro. Até o final deste ano, a empresa espera chegar a um lifting cost entre US$ 15 e US$ 17 por barril.
Resultados
No quarto trimestre de 2023, a 3R Petroleum teve lucro líquido de R$ 407,1 milhões, revertendo prejuízo de R$ 39 milhões no mesmo período do ano anterior. Na base anual, o lucro líquido consolidado somou R$ 425,2 milhões, um crescimento de 233% quando comparado a 2022.
A receita líquida no trimestre atingiu R$ 1,8 bilhões, um aumento de 315% na comparação com o mesmo período de 2022. O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 718 milhões, revertendo o Ebitda negativo de R$ 41,5 milhões no quarto trimestre de 2022. O Ebitda ajustado foi de R$ 696,6 milhões, com aumento de 518% em relação ao mesmo período de 2022.
O trimestre teve produção média total de 45,9 mil barris de óleo equivalente por dia, sendo 36 mil barris de óleo e 9,8 mil barris de óleo equivalente de gás. A produção total representa um aumento em relação aos 15,3 mil barris de óleo equivalente produzidos por dia no quarto trimestre de 2022.
No trimestre, o preço médio da venda de óleo foi de US$ 75,2 por barril, redução de 3,3% em relação ao quarto trimestre de 2022. O gás foi comercializado a uma média de US$ 8,7 por milhão de BTU, uma redução de 7,7% na comparação com o mesmo período de 2022.
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