O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entregou nesta terça-feira, 3 de setembro, os estudos sobre a conclusão da usina nuclear de Angra 3 à Eletronuclear. O banco estimou em R$ 23 bilhões os recursos necessários para conclusão das obras, enquanto o custo para desistir do empreendimento é de R$ 21 bilhões.
A terceira usina nuclear brasileira terá potência de 14 GW, sendo capaz de produzir cerca de 12 milhões de MWh anuais. Com a conclusão de Angra 3, a Central Nuclear de Angra passará a gerar o equivalente a 70% do consumo do estado do Rio de Janeiro. O empreendimento apresenta, no momento, um progresso físico global de 66%.
A expectativa é que a usina entre em operação comercial em 2031. A tarifa de comercialização da energia da usina foi proposta em R$653,31/MWh, enquanto em 2018, a tarifa de referência definida pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em R$ 480/MWh, corresponderiam a atuais R$639/MWh.
O material entregue à Eletronuclear apresenta as questões para a viabilidade técnica, econômica e jurídica do projeto. O estudo será enviado pela empresa ao Ministério de Minas e Energia (MME) e aos acionistas (ENBPar e Eletrobras) no mesmo dia e, em seguida, o MME deverá encaminhar para o CNPE, que decidirá pela conclusão ou não da usina.
A Eletronuclear aponta que o valor da tarifa é inferior ao custo de diversas outras térmicas, com custo variável unitário (CVU) no subsistema Sudeste médio de R$665/MWh.
“Esta é uma etapa crucial para a continuidade da obra e determinação da tarifa de comercialização da energia que será gerada pela usina. Estamos confiantes de que as obras deslanchem em breve e que o setor nuclear volte a ser pujante no Brasil”, afirma o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo.
Outros pontos do estudo
O estudo identificou que cerca de R$ 800 milhões em equipamentos de Angra 3 foram utilizados por Angra 2. Da mesma forma, entre R$ 500 milhões a R$ 600 milhões em combustível nuclear foram utilizados pela segunda usina, e tinham sido inicialmente comprados para a terceira.
Por isso, aproximadamente R$1,4 bilhão será reembolsado pelo próprio caixa de Angra 2.
Ainda segundo a Eletronuclear, o documento aponta que qualquer resultado financeiro positivo identificado futuramente, e incentivos tributários do setor, como o Renuclear – que tramita na Câmara dos Deputados -, poderão ser usados para beneficiar os custos da usina a ser construída.
“Em resumo, temos uma proposta de tarifa competitiva para uma térmica que fornecerá uma energia firme, confiável e limpa ao sistema. Mas, aos que ainda questionam este aspecto, é importante destacar que os custos para desistir de Angra 3 também não são baixos. A diferença é quem vai pagar essa conta”, finaliza Lycurgo.
A obra será financiada pela própria Eletronuclear junto a um consórcio de bancos. Por outro lado, abandonar o projeto exigirá que a União assuma os custos, transferindo, em última instância, para a conta de luz sem que os consumidores recebam energia em troca.
Mais sobre Angra 3
A usina está próxima aos principais centros de consumo do país, o que contribuirá para minimizar as perdas por transmissão de energia. A construção da unidade também é fundamental para dar escala a toda a cadeia produtiva do setor nuclear brasileiro, da produção de combustível à geração de energia.
O empreendimento representará ainda a criação de cerca de 7 mil empregos diretos, no pico da obra, além de um número muito maior de empregos indiretos. A grande maioria será contratada na Costa Verde fluminense, o que será um importante fator para movimentar a economia da região.