O imposto sobre a exportação de petróleo cru para compensar a reoneração parcial da gasolina pode sinalizar o início da interferência do governo federal no setor de energia, consideram os analistas da Fitch, Adriana Eraso e Lucas Rios.
A agência de classificação de riscos declarou que o anúncio da União levanta preocupações sobre as políticas da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a categoria. Além disso, os analistas afirmaram, em relatório divulgado ao mercado nesta semana, que caso a medida se torne permanente, após aprovação no Congresso, o novo imposto deve resultar em um “impacto significativo” no setor de energia a médio prazo.
Caso a política seja promulgada, a Fitch espera efeitos na Petrobras (PETR3;PETR4), que pode ter sua flexibilidade financeira afetada por meio de ações desfavoráveis na política de preços, visto que “as pressões e políticas fiscais que enfraquecem a flexibilidade financeira da empresa provavelmente colocarão em risco seus investimentos futuros”.
Em relação a Prio (PRIO3), os analistas estimam uma queda de 12% no Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, apreciação e amortização), enquanto a alavancagem do Ebitda aumentaria apenas 0,1x.
Em um cenário de aprovação da medida, a Fitch avalia que a petroleira e outros exportadores independentes de petróleo podem vender sua produção no mercado interno, uma vez que os perfis de produção de baixo custo oferecem flexibilidade.
Para as empresas que vendem no mercado local, como 3R Petroleum (RRRP3) e a Trident Energy LP, os analistas esperam que ocorra alguma pressão sobre os preços no médio prazo e um aumento no estoque local, levando a uma redução dos preços locais, “mas essas companhias são produtoras de baixo custo e devem permanecer lucrativas mesmo com preços locais mais baixos”.
Na última semana, a 3R Petroleum foi questionada pela B3 sobre os motivos para as oscilações de ações após aprovação do imposto sobre a exportação de petróleo cru.
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