Os reajustes tarifários elevados devem continuar a beneficiar as empresas de energia no segundo trimestre do ano, com aumento da geração de caixa, ao mesmo tempo em que o aperto monetário e o aumento dos juros deve pressionar os balanços com aumento do custo das dívidas.
Segundo analistas, no lado da geração, apesar da hidrologia melhor, que reduz a pressão sobre as hidrelétricas, a ausência de geração termelétrica – que também é consequência do retorno das chuvas – deve pressionar os resultados na comparação anual.
“Esperamos resultados mistos para o segundo trimestre de 2022, já que vemos uma recuperação positiva do GSF e baixos preços no mercado spot, mas parcialmente compensados pela menor geração eólica e pelas retrações nos mercados residencial e rural”, escreveram os analistas André Sampaio, Murilo Riccini e Guilherme Lima, do Santander, em relatório enviado a clientes.
A melhora do GSF não necessariamente significa ganhos para as distribuidoras em termos de resultados. Segundo Fernando Abdalla, Henrique Peretti e Victor Burke, do J.P. Morgan, o efeito vai depender da estratégia de sazonalização de cada companhia. Além disso, algumas geradoras contrataram energia para este ano, como hedge, a preços elevados, em meio às incertezas da crise hídrica de 2021. A energia comprada em excesso será liquidada no PLD, que esteve no piso de R$ 57,10/MWh durante o semestre, levando a perdas com comercialização.
Outro ponto de atenção, desta vez para as distribuidoras, é a publicação da Lei 14.385/2022, que determina a devolução integral do PIS e Cofins cobrados a maior dos consumidores pela conta de luz. Segundo os analistas do J.P Morgan, isso pode pesar nos resultados de Light, Cemig e Copel, empresas que lançaram de R$ 1,2 bilhão a R$ 2 bilhões em ganhos fiscais nos balanços, pelo entendimento de que esses valores não deveriam ser devolvidos aos consumidores. Com a publicação da lei, as empresas podem ter que reverter esses valores, e, de acordo com os analistas, não está claro se os montantes estão ou não provisionados.
Apesar disso, a perspectiva no mercado é que as distribuidoras de energia entregarão bons números referentes ao período de abril a junho deste ano, refletindo a recuperação do consumo nos segmentos comercial e industrial, e os reajustes tarifários puxados pela inflação, principalmente aquelas que têm a tarifa indexada ao IGP-M, destacaram os analistas João Pimentel e Gisele Gushiken, do BTG Pactual.
Agenda
A temporada de balanços do trimestre começa oficialmente amanhã, 26 de julho, com a divulgação dos números da Neoenergia. A companhia divulgou seus dados operacionais no dia 12 de julho, e os números mostraram uma performance modesta nas distribuidoras da companhia, por conta da redução do consumo residencial, principalmente. Segundo o Credit Suisse, esses indicadores devem ser parcialmente compensados pelo bom desempenho da geração renovável, que cresceu 23,93% devido à entrada de novos projetos em operação.
O BTG Pactual espera que os resultados da Neoenergia no segundo trimestre sejam afetados positivamente pelo braço de distribuição, já que quatro das suas concessões têm as tarifas reajustadas pelo IGP-M.
Ainda nesta semana, a EDP Brasil divulga os resultados do trimestre na quarta-feira, depois do fechamento do mercado. O BTG também aposta em resultados expressivos puxados pelo crescimento do mercado das concessionárias do grupo português no Brasil. A prévia operacional da companhia mostrou expansão de 3% no seu mercado, refletindo a melhora da atividade econômica.
Fechando a semana, a transmissora ISA Cteep divulga os resultados na quinta-feira, 28 de julho, quando deve reportar retração no seu resultado regulatório, por conta do reperfilamento do recebimento das indenizações por ativos antigos de transmissão cujas concessões foram renovadas nos termos da Lei 12.783/2013, conhecidos pela sigla RBSE.
Confira o calendário das próximas divulgações:
Neoenergia | 26/julho |
EDP Brasil | 27/julho |
ISA Cteep | 28/julho |
Petrobras | 28/julho |
Engie | 02/agosto |
3R | 03/agosto |
Prio |
03/agosto |
AES Brasil | 04/agosto |
Celesc | 05/agosto |
Alupar | 09/agosto |
Copel | 09/agosto |
Petroreconcavo | 10/agosto |
Taesa | 10/agosto |
Equatorial | 10/agosto |
Aeris | 11/agosto |
Auren | 11/agosto |
Light | 11/agosto |
Energisa | 11/agosto |
CPFL | 11/agosto |
Eneva | 11/agosto |
Enauta | 11/agosto |
Raízen | 11/agosto |
Renova Energia | 12/agosto |
Cosan | 12/agosto |
Cemig | 12/agosto |
Eletrobras | 12/agosto |
Omega | 15/agosto |
Vibra | 15/agosto |
Orizon | 15/agosto |
Ambipar | 15/agosto |