O Conselho de Administração da Petrobras aprovou nesta quinta-feira, 24 de novembro, o plano estratégico da companhia para o período que vai de 2024 a 2028. O documento prevê o investimento de US$ 102 bilhões, montante 31% superior ao planejamento anterior (2023 a 2027).
Deste total, US$ 5,2 bilhões devem ser destinados a energia solar fotovoltaica e eólica. Outros US$ 300 milhões estão alocados em hidrogênio, captura de carbono e investimentos em venture capital. A empresa destaca que investirá em projetos “rentáveis”.
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Este é o primeiro planejamento estratégico da nova gestão da companhia, que tem vocalizado a intenção de preparar a Petrobras para um cenário de transição energética.
Segundo a Petrobras, o aumento do Capex está associado principalmente a novos projetos, incluindo potenciais aquisições. Além disso, a nova gestão da companhia reverteu a política de desinvestimentos, devolvendo ativos à carteira. A estatal também menciona a inflação de custos “que impactou toda a cadeia de suprimentos”.
Somando com investimentos em descarbonização de operações, biorrefino e pesquisa e desenvolvimento, o Capex total chega a US$ 11,5 bilhões, o que representa 11% do valor total, contra US$ 4,4 bilhões e 6% do Capex total no planejamento anterior.
A previsão da companhia é que o investimento em baixo carbono alcance 16% em 2028.
Em E&P, investimento é de US$ 73 bilhões
A Petrobras espera atingir a marca de 3,2 milhões de barris de óleo equivalente por dia em 2028, com emissões limitadas a 15 kg de CO₂ por barril de óleo equivalente até 2030. Em 2028, a produção do pré-sal representará 79% do total da companhia.
Para isso, a área de exploração e produção de petróleo receberá 72% do investimento total, o que equivale a US$ 73 bilhões, com 67% destinados para o pré-sal. Segundo a empresa, a decisão se deve à grande competitividade econômica e ambiental do óleo do pré-sal, de melhor qualidade e com menos emissões. Para desempenhar as atividades, a Petrobras considera a entrada de 14 novas FPSOs, das quais dez já estão contratadas.
Em exploração, o destaque vai para a Margem Equatorial e para as Bacias do Sudeste, que devem ter US$ 3,1 bilhões em investimentos cada uma. A Margem Equatorial inclui cinco bacias, entre elas a Foz do Amazonas, ainda sem licenciamento ambiental, e bacia Potiguar, onde a Petrobras já tem autorização para atividades exploratórias. Há, ainda, mais US$ 1,3 bilhões para exploração no exterior. A Petrobras planeja perfurar cerca de 50 poços exploratórios no período.
A empresa considerou o preço do brent entre US$ 80, em 2024, e US$ 70, em 2028, e um câmbio que cai de R$ 5,05 para R$ 4,90 no período.
Investimentos em estrutura de gás natural
Segundo a estatal, uma das prioridades do período será a ampliação da infraestrutura e portfólio de ofertas de gás natural. Desde o começo da gestão, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, têm protagonizado embates sobre a disponibilidade e preço do gás natural no país.
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O plano estratégico 2024 – 2028 prevê US$ 7 bilhões em produção e escoamento de gás, com o objetivo de aumentar a oferta da molécula pela Petrobras. No planejamento, a empresa destaca o início da operação da Rota 3, em 2024; do gasoduto do Projeto Raia (BM-C-33), em 2028; e do gasoduto do projeto Sergipe Águas Profundas em 2029.
Refino, transporte e comercialização levam US$ 17 bilhões
O Capex para refino, transporte e comercialização (RTC) será de US$ 17 bilhões no período, com objetivo de alcançar maior produção de diesel e aumental gradualmente a oferta de produtos de baixo carbono.
O plano estratégico 2024-2028 da Petrobras prevê o aumento de capacidade de processamento nas refinarias em 225 mil barris por dia e da produção de diesel S-10 em mais de 290 mil barris por dia até 2029, com investimentos nas refinarias da companhia.
Cerca de US$ 1,5 bilhões devem ir para o biorrefino, para a produção de diesel com 5% de matéria renovável, além de plantas dedicadas para SAF (combustível sustentável de aviação, na sigla em inglês) e diesel 100% renovável.
Outros US$ 2,1 bilhões serão investidos para remoção de gargalos logísticos. A Petrobras também planeja o retorno ao segmento de fertilizantes.