Os gargalos do escoamento da geração de energia elétrica, principalmente do Nordeste, não devem ser solucionados com o leilão de transmissão realizado neste ano, ou com os dois já programados, para dezembro e março de 2024. Segundo Angela Livino, presidente interina da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estudos preliminares não indicam a necessidade de uma expansão adicional, além do que já foi indicado, sendo está uma recomendação prioritária da empresa para o governo.
“Existem estudos preliminares que não apontam para uma necessidade de expansão adicional. Esse montante todo estudado [de R$ 50 bilhões], já apresenta algum tipo de restrição para o montante de ofertas que existe no mercado e que já foi estudado. Então, existem localidades com limitações, isso vai demandar uma racionalidade econômica”, disse Livino na 15° edição do fórum Latino-Americano de Smart Grid realizado nesta segunda-feira, 11 de setembro.
Para conter as novas limitações identificadas, a executiva aponta que novos recursos, além dos R$ 50 bilhões constantes no caderno de março do PDE 2032 devem ser destinados para expansão da rede de transmissão da região.
Para a EPE, o leilão competitivo de margem é um tema que “talvez valha a pena” voltar para a pauta de discussões do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Energia Elétrica, sendo uma das possíveis soluções para a escassez de acessos ao sistema de transmissão na região.
Além da transmissão, Livino comentou que a nova formatação para o leilão de reserva de capacidade, com mais produtos, ampliação de competição e do escopo tecnológico, está sendo finalizada e a consulta pública deve sair em breve.
De acordo com a executiva, a EPE está estudando a contratação de flexibilidade nos serviços ancilares e um novo desenho no requisito de capacidade, além da adoção de sistemas de armazenamento.
“Recomendamos porque a gente já percebe como atrativo e é uma boa solução de combinação. E, como a gente sempre defende, o que importa é o requisito a ser entregue, independente de qual é a fonte disponível, o que a gente quer é a capacidade seja entregue”, afirmou.
Hidrogênio verde
Durante seu painel, Livino foi questionada sobre o planejamento de novas tecnologias como, por exemplo, o hidrogênio. Segundo a executiva, a EPE sempre recomenda a adoção de novas tecnologias, mas que, com a sobrecontratação, não há sugestões de leilões específicos envolvendo o combustível ou outras tecnologias.