Os preços internacionais do petróleo dispararam na madrugada desta quinta-feira, 24 de fevereiro, após a Rússia iniciar uma invasão a áreas da Ucrânia.
O preço dos contratos futuros do petróleo Brent fechou o dia com alta de 2,31%, a US$ 99,08 o barril, após ter subido 8%, acima de US$ 105 o barril, na manhã de hoje.
De acordo com agências de notícias, autoridades russas informaram que os alvos são instalações militares ucranianas. Por outro lado, a Ucrânia determinou o fechamento do espaço aéreo do país para voos civis e há relatos de explosões ouvidas em Kiev, capital ucraniana.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a União Europeia (UE) condenaram os ataques russos.
Devido aos ataques russos iniciados na madrugada de hoje, a petroleira alemã Wintershall DEA cancelou a coletiva de imprensa que realizaria nesta quinta-feira, para comentar o desempenho de 2021 e os planos para este ano. Em janeiro deste ano, a empresa informou a decisão de encerrar todas as suas operações no Brasil.
Nesta quinta-feira, o Departamento de Energia do governo dos Estados Unidos informou que os estoques comerciais de petróleo do país tiveram uma alta de 4,5 milhões de barris, na última sexta-feira, 18 de fevereiro, em relação à semana anterior, totalizando agora 416 milhões de barris.
Segundo a analista sênior de mercado de petróleo da consultoria Rystad Energy, Louise Dickson, se houver um avanço mais significativo do exército russo e outras forças, o risco elevado para a geopolítica regional e os preços do petróleo é “altamente provável” no curto prazo. “No longo prazo, no entanto, o impacto na demanda pode ser negativo, não apenas para a economia russa, mas para outras economias regionais”, disse a especialista.
Especialista do setor de energia, Paulo Mayon, consultor e sócio da Risk3, diz que ainda é cedo para fazer previsões sobre os efeitos do ataque russo à Ucrânia, mas que é importante considerar alguns pontos que podem resultar em aumento de custo da energia elétrica no Brasil. O primeiro é o provável impacto nas revisões de custo variável unitário (CVU) de térmicas movidas a derivados de petróleo. O segundo é a persistência de viés de alta inflacionário no Brasil, aumentando o peso de quem possui contratos de energia de longo prazo.
Ele também chama atenção para a persistência ou o aprofundamento das restrições nas cadeias de suprimento e inflação global, a alta constante de frete marítimo e o viés de alta forte de commodities metálicas, que podem ter impacto no custo marginal de expansão (CME). Por último, Mayon destaca uma potencial volta de subsídios para o shale gas nos Estados Unidos e o uso de reservas nacionais para minimizar risco da crise de oferta de petróleo.
*Texto atualizado às 17h45, para inclusão de informações sobre o fechamento do preço do petróleo Brent.