Questões societárias não impedem conclusão de venda da fatia da Cemig na Taesa em 2021

Camila Maia

Autor

Camila Maia

Publicado

29/Mar/2021 19:55 BRT

O imbróglio societário relacionado à TBE, joint venture entre Taesa e Alupar que tem 13 concessões de transmissão de energia, não é um impeditivo para que a venda da participação da Cemig na Taesa seja concluída ainda em 2021, disse Reynaldo Passanezi, presidente da estatal mineira, em teleconferência sobre os resultados da companhia em 2020. 

A companhia mineira informou na noite de sexta-feira, 26 de março, que contratou assessores especializados para avaliar as alternativas para venda da participação de 21,7% detida na Taesa. 

A Cemig tem 36,97% das ações ordinárias da Taesa e 1,28% das preferenciais, e divide o controle da transmissora com a colombiana ISA - dona da Cteep -, que tem 26,03% das ações com direito a voto e 14,88% do total.

A Taesa, por sua vez, é sócia da Alupar na TBE, transmissora que representa cerca de 20% do valor presente líquido da Taesa, segundo estimativas do Bank of America em relatório enviado a clientes. Como a Alupar pode ter direito de preferências na transação, analistas questionaram a Cemig se isso seria um impeditivo para a conclusão da transação.

"Há vários direitos e eventos que precisam ser respeitados, mas não são impossíveis. Pode ter situações em que a eventual saída da Cemig pode ser a posteriori", disse Passanezi. Segundo ele, como em qualquer processo de desinvestimento de grade porte como esse, as implicações precisam ser analisadas. "Para isso, temos bons assessores que vão trabalhar e vamos seguramente endereçar todos os assuntos", completou.

O objetivo, com a venda da participação na Taesa, é "voltar ao básico", sem participações minoritárias em empresas e com foco em ativos controlados e consolidados em seu balanço. "Esse modelo de ser sócio destruiu muito valor nos últimos 10 anos", disse Passanezi.

Resultado

A Cemig teve lucro líquido de R$ 1,33 bilhão no quarto trimestre do ano passado, aumento de 136,2% na comparação com o mesmo intervalo do ano anterior. 

O resultado refletiu, entre outros fatores, o efeito da revisão tarifária periódica de R$ 502 milhões, a contabilização de R$ 270 milhões em valor recuperável de ativos mantidos para venda. Além disso, o resultado financeiro líquido foi positivo em R$ 354 milhões, contra o resultado negativo de R$ 213 milhões apurado um ano antes.

A receita líquida da companhia subiu 5,8%, a R$ 6,8 bilhões. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subiu 79,1%, para R$ 1,6 bilhão.

Em 2020, a Cemig teve lucro líquido de R$ 2,86 bilhões, queda de 10,3% na relação com o lucro de 2019, de R$ 3,2 bilhões. A receita líquida caiu 1%, para R$ 25,3 bilhões. O Ebitda subiu 29,7%, para R$ 4,8 bilhões.