Por: Jackson Chirollo*
O ano de 2022 foi repleto de conquistas para o setor de energia solar no Brasil. O país aprovou o Marco Legal da Geração Distribuída de Energia, atingiu a marca de 21 GW de capacidade operacional em usinas de energia solar fotovoltaica e dobrou sua potência instalada em relação ao ano passado. O cenário positivo refletiu também na geração de empregos e o Brasil foi o sexto país com mais postos de trabalho criados, à frente de líderes históricos do setor, como Alemanha e Reino Unido. Além de ser importante para a retomada econômica, o movimento direciona para uma conjuntura de empregos em uma nova economia, mais sustentável, e abre uma oportunidade de mercado: a capacitação dos profissionais desse segmento.
Quando falo sobre capacitação na área solar, penso em dois cenários diferentes. O primeiro, é em relação à qualificação dos novos profissionais que chegam ao setor. O assunto desemprego, que sempre foi recorrente no Brasil, ganhou destaque nos últimos anos – assim como as formas de driblá-lo, sendo o empreendedorismo um grande aliado nesse contexto. Ao mesmo tempo, vivemos um período em que é urgente criar e fortalecer soluções para um futuro mais sustentável, a fim de evitar o colapso climático e ambiental.
Diante desse contexto, temos uma parte relevante da força de trabalho disposta a inovar e criar um negócio próprio. Por que não reunir esforços para que o segmento solar seja encarado como uma possibilidade atrativa para esse grupo de pessoas? Mais do que popularizar o assunto energia solar é mostrar como ele pode ser lucrativo e quais são as possibilidades de atuação, qual é a demanda e os atributos que precisam ser exercidos para fazer parte desse nicho de forma sustentável e eficiente.
O segundo cenário diz respeito ao treinamento daqueles que já atuam com sistemas solares fotovoltaicos. Dados da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade) mostraram que os registros de acidentes elétricos cresceram no primeiro semestre de 2022 – entre janeiro e junho deste ano, foram contabilizadas 949 ocorrências envolvendo situações de curto-circuito. Evitar que acidentes do tipo ocorram é essencial, em primeiro lugar, para preservar a saúde e vida dos profissionais. Porém, é também um fator primordial para que os consumidores reconheçam os painéis solares como seguros.
O crescimento de um setor sempre cria demandas de mercado, e prestar atenção nesses movimentos é uma forma de entender e aproveitar oportunidades econômicas e sociais. A capacitação profissional no setor energético abre uma série de debates. A necessidade de conteúdos acessíveis e a possibilidade de criação de negócios inovadores para atender esse público são alguns. Refletir sobre a inserção de mais mulheres nesse mercado, que atualmente ainda é predominantemente masculino, também é um ponto de atenção. É preciso considerar, ainda, o impacto dessa qualificação nas cidades e nos estados, que poderão aumentar seus potenciais de empregabilidade e desenvolvimento desse mercado
Uma das potencialidades nesse sentido é o fomento de cursos, treinamentos, especializações técnicas e de negócios na área de geração própria de energia em faculdades e instituições como Sebrae e escolas técnicas. Startups da área também podem contribuir com a construção de plataformas de capacitação técnica e empreendedora. Retomada econômica e sustentabilidade combinam e a energia solar está provando isso ao Brasil. Agora, é dever de quem atua no setor mostrar ao mercado que ainda há mais oportunidades a serem exploradas para que o Brasil se consolide como uma liderança mundial em energias renováveis.
*Jackson Chirollo é CEO e cofundador da Edmond. Desde 2009 atuando no setor de energia, domina know-how em toda a cadeia de fornecedores de produtos e serviços para viabilização técnica, jurídica, tributária, logística e econômica de projetos em energia solar.
Cada vez mais ligada na Comunidade, a MegaWhat abriu um espaço para que especialistas publiquem artigos de opinião relacionados ao setor de energia. Os textos passarão pela análise do time editorial da plataforma, que definirá sobre a possibilidade e data da publicação.
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