Por: Fábio Bombana Castellini*
A demanda por eletricidade está em crescimento contínuo, e entende-se que a tendência é o aumento do consumo para os próximos anos. Além disso, a partir de janeiro de 2024, todos os clientes de alta e média tensão, independente do nível de consumo, poderão escolher o próprio fornecedor de energia com a ampliação da Abertura do Mercado Livre de Energia, aumentando a competitividade entre empresas do setor.
As consequências desta mudança no mercado energético incluem um novo nível de complexidade — tanto do lado da oferta quanto da demanda de energia — que irá introduzir desafios e oportunidades. As mudanças irão testar a indústria à medida que as fronteiras entre a oferta e a demanda se confundem. É importante ressaltar que um futuro sustentável e baseado em energias renováveis exigirá apoio e inovação de todos os atores do segmento deenergia.
Do lado da demanda, a complexidade advém da interação com os mercados energéticos e do aproveitamento máximo dos incentivos. Os clientes já não são apenas consumidores de energia, mas também ”prosumidores”. No seu novo papel como consumidores, querem — e precisam — do poder para gerir o seu comportamento energético, tanto no consumo quanto na sua própria produção. Querem ser capazes de controlar ativamente o seu mix energético e procurar benefícios da nova equação energética que incluam melhor fiabilidade, disponibilidade, sustentabilidade, acesso à energia e a novos serviços.
Do lado da oferta, a complexidade vem das operações, gestão, planejamento, investimento e estratégia. As empresas elétricas devem aproveitar as tecnologias para otimizar o planejamento e os investimentos, bem como a gestão de ativos e da força de trabalho, para melhor cumprirem o seu papel de missão crítica.
As empresas de eletricidade já tomaram medidas positivas no seu papel como principais contribuintes para a redução de CO2. Agora, devem continuar a aproveitar as conquistas existentes, aumentando os seus esforços de sustentabilidade, uma vez que o cenário de 1,5°C não pode ser alcançado sem uma maior proporção de eletricidade mais limpa.
Isto porque o planeta não pode suportar a nossa crescente demanda de energia com a geração tradicional de combustíveis fósseis sem comprometer uma situação ambiental já precária. Isto significa que melhorar a sustentabilidade e aumentar a utilização de energias renováveis descentralizadas são fundamentais para o futuro das empresas de eletricidade.
Embora haja complexidade, também existem soluções para ambos os lados do medidor utilizando tecnologia digital. Estas ferramentas são suficientemente flexíveis para gerir os desafios atuais, como o espelhamento da rede e o intercâmbio de dados, bem como para preparar o futuro. Embora a digitalização seja uma ferramenta essencial para incorporar a sustentabilidade em todas as áreas do negócio, é necessário algo mais. Para cumprirem os seus objetivos de impacto ambiental e permanecerem competitivas, as empresas de eletricidade também devem:
– Integrar mais energias renováveis em todos os níveis da rede para substituir os combustíveis fósseis;
– Comprometer-se a usar equipamentos melhores e mais modernos, como inovadores painéis de média tensão sem SF6, uma solução comprovada de painéis que substitui o hexafluoreto de enxofre (SF6) (gás com alto poder para aumentar o efeito estufa) por ar e vácuo;
– Concentrar-se no aumento da eficiência não só da rede, mas também da força de trabalho, reduzindo o seu deslocamento através de um nível mais elevado de utilização de dados, controle remoto e mudança de frotas para veículos eléctricos.
É responsabilidade das empresas elétricas ajudar a cumprir as metas climáticas e incorporar a sustentabilidade em todos os aspectos do negócio. A pressão para o fazer vem tanto das metas internas e dos KPIs, assim como das regras externas dos governos e dos decisores políticos, que procuram evitar um cenário de mais de 1,5°C até 2100.
*Por Fábio Bombana Castellini, South America Power & Grid Segment Leader da Schneider Electric.
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