A ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas, Marina Silva, pediu para que todos os países façam um esforço para desacelerar os investimentos nos combustíveis fósseis, sendo necessário “tirar o pé do acelerador”, em discurso na COP28 realizado neste sábado, 9 de dezembro.
“Se por um lado é clara a necessidade de que todos os países coloquem o pé no acelerador das energias renováveis, por outro, precisamos fazer inadiavelmente, e em simultâneos esforços de países produtores e consumidores, para tirar o pé do acelerador das energias fósseis. [Precisamos] eliminar o mais rápido possível a dependência de nossas economias dos combustíveis fósseis”, disse a ministra.
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Para a ministra, é preciso encontrar respostas para a eliminação das fontes fósseis que considerem as diferenças de cada país e as alternativas de desenvolvimento social e econômico, especialmente naqueles mais vulneráveis. Para isso, a ministra cobrou um esforço coletivo, em que os países desenvolvidos tenham a responsabilidade de liderá-lo, já que possuem uma economia mais industrializada.
Como forma de coordenar esse processo, Marina Silva defendeu a criação de uma instância de negociações e debates na Convenção-Quadro das Nações Unidas para a Mudanças do Clima (UNFCCC).
“Alcançar o objetivo do 1,5°C impõe desafios inéditos, que exigem respostas coletivas igualmente inéditas, acompanhada de mobilização sem precedentes, em velocidade e escala, dos meios de implementação para ação climática em países em desenvolvimento. Até 2030 são a última oportunidade para enfrentar a mudança do clima. [Precisamos] nos colocar em um patamar civilizatório mais justo, solidário e seguro”, afirmou a ministra.
Avaliação IEA
Durante a conferência COP28 foram assumidos compromissos por muitos países sobre energias renováveis e eficiência energética e empresas em três áreas principais.
Na sexta-feira, 8 de dezembro, cerca de 130 países assinaram o compromisso de triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030 e duplicar a taxa anual de melhorias na eficiência energética todos os anos até 2030. Esses países, em conjunto, são responsáveis por 40% do dióxido de carbono (CO₂) global – provenientes da combustão de combustíveis fósseis, 37% da procura total de energia global e 56% do PIB global.
Segundo análise da Agência Internacional de Energia (IEA), caso os compromissos sejam cumpridos, as emissões globais de gases com efeito de estufa relacionada com a energia podem cair cerca de 4 gigatoneladas até 2030.
“Esta redução nas emissões de 2030 representa apenas cerca de 30% da lacuna de emissões que precisa de ser colmatada para colocar o mundo num caminho compatível com a limitação do aquecimento global a 1,5 C”, destaca a IEA.
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