Geração

Angra 1 poderá operar por mais 20 anos e receberá R$ 3,2 bi em investimentos 

Angra 1 - Acervo Agência Brasil
Angra 1 - Acervo Agência Brasil

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), órgão regulador da atividade nuclear no país, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, autorizou operação da usina nuclear de Angra 1 (650 MW), da Eletronuclear, por mais 20 anos, desde que se mantenha em um padrão de segurança elevado, alinhado às práticas internacionais.

Com o aval, a Eletronuclear prevê um investimento total de R$ 3,2 bilhões no ativo, entre 2023 e 2027. Os valores serão investidos em quatro parcelas de aproximadamente R$720 milhões nos primeiros quatro anos (2023 a 2026) e R$ 320 milhões em 2027.

“A renovação de Angra 1 deve ser celebrada e enaltecida por coroar o grande trabalho desempenhado por nosso corpo técnico. Todos se dedicaram ao máximo nos últimos cinco anos e comprovaram que Angra 1 segue com total segurança para entregar uma energia firme e limpa para o desenvolvimento do Brasil”, afirmou o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo.

Em operação desde 1985, o projeto tinha licença para operar por 40 anos, prazo que expirava em 23 de dezembro de 2024.  O pedido de renovação foi feito em 2019. Em comunicado sobre a decisão do Cnen, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, celebrou a extensão e disse que o aval reforça as ações da pasta para fortalecer o setor nuclear.

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Além de Angra 1, o MME afirmou estar focando esforços em projetos inovadores, como os pequenos reatores nucleares (SMRs) e na conclusão de Angra 3, que têm previsão de conclusão até 2030.

“Angra 3 e os SMRs representam o futuro da nossa matriz energética, complementando outras fontes renováveis e garantindo segurança energética para o Brasil”, disse Silveira, que tem feitos discursos públicos sobre o avanço da fonte no país para atender futuras demandas vindas de operações com inteligência artificial e dos data centers.

Decisão Cnen

Segundo a comissão, a autorização foi concedida após avaliação técnica do pedido da Eletronuclear, que incluiu uma série de estudos como Reavaliações Periódicas de Segurança (RPS) e outros relatórios técnicos. Os documentos passaram por uma revisão das equipes da Cnen, que avaliaram a atual condição da usina e as melhorias previstas no Plano de Implementação Integrado de Melhorias de Segurança (PIIMS).

O PIIMS inclui atualizações em sistemas de controle, estruturas de proteção física e protocolos de gerenciamento de rejeitos radioativos, que serão implementadas nas próximas paradas de manutenção e recarga de combustível.

Adicionalmente, a Cnen emitiu condicionantes específicas para a Eletronuclear, estabelecendo etapas limitantes e exigências que a operadora deverá cumprir nos próximos anos para manter o nível de segurança exigido pela regulamentação brasileira.

O processo incluiu o Plano de Emergência Local (PEL) e o Plano de Resposta à Fukushima, implementado pela Eletronuclear após o acidente nuclear de 2011 no Japão. As equipes da Cnen continuarão a monitorar a implementação dessas medidas, incluindo melhorias técnicas e protocolos de resposta a emergências, fundamentais para a segurança e proteção da usina e das áreas circundantes.

A Cnen ainda estabeleceu que os rejeitos de baixa e média atividade gerados durante a operação de Angra 1 poderão continuar sendo armazenados em depósitos iniciais até a construção de um depósito final de rejeitos, com prazo de conclusão previsto em 2029, ou até o início do descomissionamento da usina.

No ano passado, a polícia federal cumpriu mandado de busca e apreensão em Angra 1 para apurar o vazamento de água contaminada com resíduos nucleares ocorrido em 16 de setembro de 2022. O processo da PF está relacionado a dois inquéritos policiais em trâmite na Delegacia de Polícia Federal em Angra dos Reis, no Rio de janeiro – local de instalação da usina. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e técnicos da Cnen fizeram uma vistoria conjunta em Angra 1 para monitorar a liberação não planejada de efluentes radioativos no mar.

Na época, a Eletronuclear afirmou que realizou uma liberação não programa de “pequeno volume de água contendo substâncias de baixo teor de radioatividade”. A empresa disse que os índices de radioatividade estavam abaixo dos limites da legislação que caracterizam a ocorrência de um acidente.