O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu, durante reuniões multilaterais em Davos, na Suíça, o mandato para hidrogênio, combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel verde de países desenvolvidos para estimular a produção desses combustíveis na América Latina.
Na avaliação de Silveira, os incentivos e subsídios dados pelos países ricos não são suficientes para promover a transição energética em nações emergentes.
“Países desenvolvidos devem financiar a transição criando demanda. Além da questão da sustentabilidade, essa economia não pode deixar de ser capitalizada pelos países em desenvolvimento”, afirmou o ministro.
Subsídios no Brasil
Em novembro, Thiago Barral, secretário de Transição Energética da pasta, afirmou que o MME tinha preocupação com a certificação do hidrogênio, já que o maior incentivo que o governo pode oferecer é a garantia da estabilidade, previsibilidade, consistência nas suas políticas e iniciativas, reduzindo o custo de capital e financiamento para as companhias. Segundo Barral, a inclusão de subsídios ao setor poderia onerar a tarifa dos consumidores, ao passo que garante a exportação de um produto beneficiado pelos incentivos.
Um mês após a declaração do secretário, a pasta assinou duas declarações voltadas a certificação e ao comércio de hidrogênio. Uma delas propõe o reconhecimento mútuo de sistemas de certificação de hidrogênio dos diversos países, enquanto que a outra tem o objetivo propor ações públicas e privadas para desenvolvimento do comércio internacional de hidrogênio.
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Já o SAF e o diesel verde estão inseridos no Programa Combustível do Futuro, que está em tramitação no Congresso Nacional e contará com mais de R$ 250 bilhões em investimentos. O texto inclui a integração das políticas públicas de mobilidade e adoção da metodologia da análise do ciclo de vida do combustível do poço à roda.
Aliança Global
O ministro propôs a representantes da Aliança Global dos Biocombustíveis, grupo que reúne 12 organizações internacionais e 19 países, a criação de uma agência global que concentre os esforços para o fomento da adoção desses combustíveis na matriz energética mundial.
Para Silveira, após assumir a presidência do G20, o Brasil tem o foro necessário para incentivar o uso de biocombustíveis como vetor da transição energética, destacando, por exemplo, o potencial e o protagonismo do país na produção do combustível.
“O Brasil tem cumprido o seu papel como líder e grande produtor de biocombustíveis. Nós criamos mandatos para o diesel verde, para o combustível sustentável de aviação (SAF), vamos aumentar a mistura do etanol e do biodiesel, reduzindo a dependência dos derivados fósseis. Esse mercado vai cumprindo a sua missão, tanto econômica quanto social e da sustentabilidade”, disse Silveira em encontro realizado em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial.
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