Por: Daniel Brodbekier*
O hidrogênio verde (H2V) vem sendo considerado, em todo o mundo, como a principal aposta energética do momento, já que é classificado como uma energia limpa por possuir emissão zero de carbono. O H2V é obtido por meio de um processo químico conhecido como eletrólise, em que se utiliza a corrente elétrica de fonte renovável para separar o hidrogênio do oxigênio que existe na água.
O clima e o meio ambiente vêm sofrendo os efeitos negativos do uso de combustíveis fósseis, com isso, a produção e discussão sobre o uso do hidrogênio verde é uma das alternativas para a descarbonização do planeta, já que sua produção e utilização não emitem dióxido de carbono (CO2) ou outros gases de efeito estufa.
Segundo a pesquisa “Green Hydrogen Opportunity in Brazil”, feita pela consultoria alemã Roland Berger, o Brasil poderá faturar R$150 bilhões por ano com o mercado de H2V até 2050. O país tem um grande potencial para ser um dos maiores produtores do mundo por diversos fatores.
A principal razão são as suas vantagens naturais associadas à matriz energética oriunda de fontes renováveis, como biomassa, eólica e solar. Essa diversidade de recursos permite a produção de hidrogênio de forma sustentável e com menor impacto ambiental.
O nosso país já é líder na produção de energia renovável, e a aquisição em larga escala desse tipo de energia acontece por meio dos Power Purchase Agreement (PPAs), que são acordos de compra e venda de energia limpa. Nesse contexto, os PPAs (Power Purchase Agreements, em sua sigla em inglês) são fundamentais para viabilizar o hidrogênio verde no país. Também conhecidos como contratos de compra de energia a longo prazo, eles funcionam como um instrumento de financiamento que permite comprar energia renovável a custos muito mais acessíveis. Uma vez que 70% do custo do hidrogênio verde provém da eletricidade renovável, os PPAs agem como uma ferramenta que torna esse tipo de investimento mais acessível e ainda possibilita a combinação de um ou mais recursos energéticos renováveis competitivos para baratear a produção.
Ao se tornar um produtor de hidrogênio verde, o Brasil poderá reduzir sua dependência de combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás natural. Isso fortaleceria a segurança energética do país e reduziria a vulnerabilidade às flutuações dos preços internacionais do petróleo.
A boa notícia é que o desenvolvimento do H2V já está em andamento, assim como é reconhecida a necessidade de sua produção como uma alternativa de energia limpa. Para isso, algumas ações estão sendo implementadas, como políticas, projetos-pilotos desenvolvidos por companhias e planejamento para o investimento de infraestrutura para sua fabricação.
Para a produção de hidrogênio verde em larga escala, é de extrema importância a criação de ações e o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes para tornar esse tipo de energia mais acessível. Com investimentos adequados e políticas de apoio, o hidrogênio verde pode desempenhar um papel importante na transição do país para uma economia de baixo carbono e mais sustentável.
*Daniel Brodbekier, Renewable Energy and Carbon Advisory Manager no Sustainability Business da Schneider Electric
Cada vez mais ligada na Comunidade, a MegaWhat abriu um espaço para que especialistas publiquem artigos de opinião relacionados ao setor de energia. Os textos passarão pela análise do time editorial da plataforma, que definirá sobre a possibilidade e data da publicação.
As opiniões publicadas não refletem necessariamente a opinião da MegaWhat.
Outras opiniões:
Mariana Granata escreve – Energia solar: Insumos em queda, financiamentos em alta
Talyta Viana escreve: À espera de uma liquidação de encargos de transmissão eficiente
André Ferreira escreve: A hora e a vez da energia solar
Luiz Fernando Leone Vianna escreve – Abertura do mercado do setor elétrico: uma revolução anunciada