Daniel Brodbekier escreve: O potencial do hidrogênio verde no Brasil e sua relação com a energia renovável

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Publicado

15/Set/2023 16:56 BRT

 

Por: Daniel Brodbekier*

O hidrogênio verde (H2V) vem sendo considerado, em todo o mundo, como a principal aposta energética do momento, já que é classificado como uma energia limpa por possuir emissão zero de carbono. O H2V é obtido por meio de um processo químico conhecido como eletrólise, em que se utiliza a corrente elétrica de fonte renovável para separar o hidrogênio do oxigênio que existe na água.

O clima e o meio ambiente vêm sofrendo os efeitos negativos do uso de combustíveis fósseis, com isso, a produção e discussão sobre o uso do hidrogênio verde é uma das alternativas para a descarbonização do planeta, já que sua produção e utilização não emitem dióxido de carbono (CO2) ou outros gases de efeito estufa.

Segundo a pesquisa “Green Hydrogen Opportunity in Brazil”, feita pela consultoria alemã Roland Berger, o Brasil poderá faturar R$150 bilhões por ano com o mercado de H2V até 2050. O país tem um grande potencial para ser um dos maiores produtores do mundo por diversos fatores.

A principal razão são as suas vantagens naturais associadas à matriz energética oriunda de fontes renováveis, como biomassa, eólica e solar. Essa diversidade de recursos permite a produção de hidrogênio de forma sustentável e com menor impacto ambiental.

O nosso país já é líder na produção de energia renovável, e a aquisição em larga escala desse tipo de energia acontece por meio dos Power Purchase Agreement (PPAs), que são acordos de compra e venda de energia limpa. Nesse contexto, os PPAs (Power Purchase Agreements, em sua sigla em inglês) são fundamentais para viabilizar o hidrogênio verde no país. Também conhecidos como contratos de compra de energia a longo prazo, eles funcionam como um instrumento de financiamento que permite comprar energia renovável a custos muito mais acessíveis. Uma vez que 70% do custo do hidrogênio verde provém da eletricidade renovável, os PPAs agem como uma ferramenta que torna esse tipo de investimento mais acessível e ainda possibilita a combinação de um ou mais recursos energéticos renováveis competitivos para baratear a produção.

Ao se tornar um produtor de hidrogênio verde, o Brasil poderá reduzir sua dependência de combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás natural. Isso fortaleceria a segurança energética do país e reduziria a vulnerabilidade às flutuações dos preços internacionais do petróleo.

A boa notícia é que o desenvolvimento do H2V já está em andamento, assim como é reconhecida a necessidade de sua produção como uma alternativa de energia limpa. Para isso, algumas ações estão sendo implementadas, como políticas, projetos-pilotos desenvolvidos por companhias e planejamento para o investimento de infraestrutura para sua fabricação.

Para a produção de hidrogênio verde em larga escala, é de extrema importância a criação de ações e o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes para tornar esse tipo de energia mais acessível. Com investimentos adequados e políticas de apoio, o hidrogênio verde pode desempenhar um papel importante na transição do país para uma economia de baixo carbono e mais sustentável.

*Daniel Brodbekier, Renewable Energy and Carbon Advisory Manager no Sustainability Business da Schneider Electric

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